2/03/2007

Cenas de uma cidade qualquer 5

<>Badalados antenados sarados, tudo de bom bonitos bembrasileiros, todo mundo quer ter formadores de opinião, uma história de lavagem que é muito legal, bem definidos básicos colocados, a proposta é se diferenciar, só tando aqui pra ver os efeitos do equipamento, na entrada tem um túnel, só o que estraga é o calor, tem gente de olho no carro importado, a mulherada a bandidagem. Personas satisfartas satisfraturadas satisfaturadas, boquiabertas olhifechadas, devoradas desarvoradas, deglutidas defletidas, consumindo consumidas, desaparecidas no rumor dos dentes da máquina produtora de alegria – desesperada alegria. Máquina-sorveteria, máquina-spaZen, máquina-Cambuí. Satisfacção Azul. Comando da Qualidade de Vida.
Verde verde vômito como amarelo – amor amor solidão – o meio-termo é cela sétimo selo ainda ontem uma criança desenhava em traços grosseiros o que bem dia ser uma forca mas era uma chave duas chaves voando ao redor de um trem o que faz pensar no corpo no silêncio nos restos mortais no porque agora sim agora não agora sim agora não eu te amo meu bem sai do meu caminho peste se eu entrasse naquele trem que mais parecia um funerária ferroviária desenhada num caderno verde como vômito amarelo eu veria todas as faces pétalas podres num ramo seco? <>
(Há poesia na classe média?)
A questão é se o rancor também tem dedos como as palavras de amor – o rancor as palavras entrando como um cotonete na uretra como agulhas nas veias – tudo o que passamos juntos meu bem neste enclave fortificado os sonhos vizinhos dão náuseas fantasiados de sentidos embaralhados mas sabendo que cada coisa em seu lugar a luz acesa os copos sobre a mesa as palavras certeiras o a ser dito e a não ser dito – ai esta maldita coceira no ânus da pequena
burguesia quanta palavra antiga –
talvez a mesma letra morta escrita à margem das citações e se eu me tornasse um agente da expansão civilizadora? Se eu ensinasse as artimanhas do corte e costura da postura boa ou má tanto faz se eu me vestisse de lobo para entrar nos sonhos das matronas do bairro e dissesse por que você olhou minha gérbera de cima abaixo lentamente como uma grua, o vestido dela não combinava com tua querida sorveteria verde-amarela? E se eu te levasse no trem desenhado grosseiramente pelo menino ontem à noite (ele mal acabou de desenhar e já estava dormindo) acho que lá dentro depois da fina parede de papel entre o papel e a mesa dentro do trem deve existir outra chave um rabisco apenas que eu chamo de chave por comodidade mas outra coisa ainda coisa outra

não era bem isso que eu estava dizendo

será que a Matrona-Mor Ceifadora de Poddles continuaria roteirista de desastres aéreos discutindo exclusão social na hora da massagem enquanto o maridão nostalgiado com o Anauê na sauna verde vomitaria o próprio sangue?

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