2/26/2009

A virtude grega

Platão disse
Que tirar meleca do nariz
É ofender o belo e o bem
Mas belo e bem é kalokagathía.

Aristóteles disse
Que peidar não é uma virtude
Mas a virtude está no “justo meio”.

Se a calocagatia está no justo meio
Tudo isto me parece
Uma escatologia sem fim.

4 comentários:

Daniel F disse...

Pois é,

isso me lembra o que dizia o Schreber, naquelas memórias de um doente dos nervos. ele dizia que, como era íntimo de Deus, tinha o direito de cagar no mundo inteiro.

Abraço!

Aldemar Norek disse...

Gostei bastante dos dois poemas - Surrealismos e A virtude grega.
A ironia e o tema. Só achei o fim dos dois um pouco sentencioso. Não sei bem, mas a meu ver perde um pouco a leveza e o impacto simultâneos que se consegue nos poemas. Abração...

Álogos disse...

Olá, Daniel e Aldemar.

Obrigado pelas dicas. Estava um pouco pessimista quando escrevi (e isto às vezes prejudica uma boa conclusão a um poema). Quanto ao Schreber, ele poderia ser um ótimo intérprete de Platão e Aristóteles.

Aldemar, gostei do Circunstância, 3. Achei um belo poema que explora a potência poética do fogo.

Daniel, quem vê sua série sobre Uberlândia - assim como a série Amérika - acha que você tem uma imaginação fértil...

Abraço.

Aldemar Norek disse...

Ah, talvez seja isso então. Tenho cada vez mais a sensação de que poemas se devem escrever a frio. Ou quase.
Assino embaixo sua observação sobre o Daniel.
abração!!!