8/29/2009

Poema a quatro mãos

Obs.: Este poema foi feito em parceria com M. nos acidentes do relevo entre o vale e o planalto. Será que mil platôs formam uma montanha?

Nos acidentes do relevo
encontra-se a distância insuperável
entre as pessoas.
Apenas as flores
desabrocham no meio das pedras.

Nos acidentes da minha planice me acidento
vontade louca de voar
de ir em direção as estrelas: medo de ser estrela?
entre próximos e distantes não me encontro
perdido em viagens e devaneios
ou seria isso a vida?
pedregulhos a florear minha pequena dor existencial
queria eu ser um Deus?
minha falta me falta,

Pois o que me falta
é a simplicidade das flores
ao nascerem em meio às pedras
da distância insuperável
entre devaneio e vida
entre próximos e distantes
entre idas, voltas e viagens sem fim.

Na dúvida da existência e permanência
de fins e começos: o meio?
qual é a dor do eterno rizoma?
qual é a dor do florecer sem raiz?
qual é a dor de ter raiz?
desenraizamentos que me cruzam: histórias
e pequenos pedregulhos a me estrangular
se o tempo fosse
teria sido
mas como não foi ainda pode ser o que não é?
queria apenas que o nosso tempo fosse
hoje o mesmo
mas como não é não poderá ser mais?
são essas distâncias que por vezes, quando sinto,
nos aproximam, mas quando você pensa
nos afasta.
e seu afastamente me leva como uma petála ao vento
para longe do que eu dia eu fui, sou e serei
viagens com fins?

Por isso, as flores preenchem
a saudade entranhada na distância
agora superável
entre aquilo que penso
aquilo que sou
e o que jamais serei.
As flores sempre retornam a florescer,
sem dor,
sem viagem,
sem distância,
sem dúvida.
Vendo o eterno ritual
do seu desabrochar,
preencho os interstícios
da minha incompletude.
Saudade.

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