O sol tímido (algum anjo autoritário girou no pulso as estações, avisando que o inverno vem vindo) acende um calor frio sobre as cadeiras vermelhas da praça.
Devagar, as pessoas chegam e tomam suas posições. Um pouco de demora, placas com os nomes dos figurantes (todos os presentes) parecem ter sido trocadas. A conversa não flui.
Uma pausa para as refeições.
E justo na hora em que o primeiro ator ia induzir os acontecimentos à reviravolta fatal do deus-máquina, outro anjo (são todos chamados de Evil Pets) escurece o ambiente. E o espetáculo, mais uma vez, fica adiado.
4 comentários:
Oi, Daniel, td bem?
sobre o rigor que vc mencionou aí embaixo...
pois é, acho que o rigor é apenas uma parte do caminho, como se você pra fazer algo um pouco melhor tivesse que saber fazer o básico.
Mas acredito, como você, na necessidade de "chutar o balde" - mas entre achar necessário e saber chutar....
o importante é a idéia contida num poema somada à forma como a idéia foi "dita". Acho que um bom poema é a confluência destes dois princípios. E cada um tem sua resposta pra este binômio. Pra alguns o rigor importa mais, a construção, a ouriversaria (não parnasianismo). Pra outros é só um gesto, a representação de um gesto, um lance samurai.
No entanto, como tenho sido tentado a encontrar o caminho do meio em tudo na vida, fico pensando se a gente não pode "chutar o balde" com algum rigor...Será que pode?
Tem tbm a tensão entre expansão e contenção. No lance do soneto, p.ex., vc fica menietado, sua voz meio amordaçada, e vc tem que tentar dizer alguma coisa, falar, "pensar" através daquilo, entre grades.
Ou num tipo de poética como a da Masé, pura contenção, onde o que vaza,o entre, é o que é mais bonito.
Chutar o balde me parece mais com a idéia da expansão.
Pois é Aldemar. Eu estava pensando mais na atitude que temos com a escrita, no sentido ético mesmo. O seu rigor está nesse questionamento, do pra que escrever. Nisso é que eu acho bom às vezes chutar o balde (tenho visto com mais freqüência duas saídas: uma prum lado moralista, que vai no sentido da crítica 'a vaidade, coisa que pra mim não cola por um série de motivos, mas principalmente porque o binômio vaidade-humildade tem a ver com um desejo de aniquilação do mundo; a outra vai no sentido meio cínico do "escrevo porque sou fracassado", acho que é uma boa provocação ao moralismo, mas não passa disso). Com as duas saídas são dadas por escrito, deve ter algum desejo mais básico envolvido. Não sei se estou dizendo direito: mas o que acho é que escrever não precisa de justificativa, mas precisa (como tudo na vida)de um sentido de mais poder e menos ressentimento. Mas legal você levar a questão pra esse outro lado poético. Acho o rigor sempre necessário, mesmo nos textos de excesso, como na maioria das vezes é o caso do que escrevo. Não há rigor somente na síntese. E mais, tanto num como no outro tipo de texto, acho que uma tensão é necessária. No excesso, o maior perigo acho que é o verbalismo, o palavrório - coisa que cometo com freqüência 0 vide o tamanho desse comentário...rs. O neoparnasianismo pra mim é sem tensão, é beletrismo. Não digo que é bom ou ruim, digo apenas que não me interessa. No caso da Masé, concordo, o legal é o jogo entre contenção e o que está entre, a tensão da escrita mesmo. Abraço,
Daniel.
É, tvz não tenha me expressado direito sobre a questão do rigor. Sim, porque pode haver rigor no excesso, vide Waly Salomão com alguns de seus barroquismos absolutamente rigorosos. Abs.
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