SÍMILE
O capitalismo
nos substitui como porcos.
Allen, Gregory, William,
em breve habitarei um chiqueiro.
vou triste com as pulgas
coladas à face
os ombros arqueados,
as pupilas? – faróis baixos
o coração é um motor
apodrecendo ao sol
neve e néon cintilam
no meu sangue oblíquo.
Gisaburo estende
sua mão
folhas secas
caem outono
no poço onde me afundo.
eu
mais um endereço
na cidade.
4 comentários:
acho a escrita bonita
mas tem muito eu
em breve habitarei
vou triste
meu sangue
me afundo
eu
sim, esse "eu", autobigráfico, tem muito de minha influência beat. aliás quase tudo que eu escrevo é real, pouca coisa ficcional.
autobiográfico, engoli o "o".
pois é, a escrita da Masé é bem mais oblíqua, fala (não necessariamente) de si sem falar, por tangências e parcos reflexos. Anderson tem alguma coisa do "uivo", de grito primal. Este poema tem alguns versos que (como sempre no Anderson) me impressionam pela força, como "eu: mais um endereço na cidade" ou " o coração é um motor apodrecendo ao sol". Ah, o poema na Cronópios tbm tem muita força. Gostei muito de algumas passagens....
Acho o caminho da Masé um exercício muito interessante e necessário (não para todos, tvz...)e muitas vezes procurei isso, de forma consciente, como modo de expressão de alguma idéia ou emoção. Fernando Pessoa já tinha sacado este lance há quase cem anos. Já o nº13 aí em cima é um caminho oposto - mais pessoal impossível, embora tenha tentado deixar tudo meio difuso e entremeado da época, dos toques do tempo de agora.
Ih....falei à beça....
abraços!
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