UM não é um número, mas o sim ausente que ocupa o lugar esvaziado
É o palhaço assassino com faca de açougueiro correndo contra quem se perdeu do senso comum. É a boca das bocas,
Lobo contra lobo, tanto fala que te cala (no fundo tudo pretensão, armação de língua e cassetetes).
Vendo bem se vê que todos doam os dentes para a potência do UM, não há força que saia por dentro.
UM em si mesmo não tem pernas, mesmo sua voz seria muito restrita sem o ultra-amplificador que vai de ouvido em ouvido, calando fundo ecos da vida interior.
UM sozinho não destroça a manhã. Mas ao mesmo tempo sem a única presença os destroços da manhã seriam mais uma alucinação. E a manhã é uma coisa normal.
3 comentários:
Não sei exatamente se, quando a ética contamina a estética, o resultado são bons poemas. Tenho a sensação que que a ética contamina negativamente - ou a ética linear. Temos exemplos de canalhas/escroques/safados ótimos autores. Talvez a literatura tenha o papel de alargar limites ou por mesmo em discussão o que na voz comum é corrente.
Mas o fato é que gostei muito muito deste poema. E tvz pq a voz corrente seja mesmo a voz do Um - neste sentido ele alarga limites, pela sua percepção e forma.
grande daniel.
abração.
Pois é Aldemar, há um tempo atrás escrevi um texto sobre isso, vou por aqui mesmo:
Oswald de Andrade não tinha caráter ,deixou Raul Bopp na solidão e só conhecia a linguagem da humilhação, do desprezo e do deboche. Mário de Andrade, hipócrita além de hipocondríaco, amava os amigos nas cartas e os descartava publicamente, isto sem contar sua adesão ao miasma nacional-desenvolvimentista ao mundo violento de Vargas. Fernando Pessoa manteve os heterônimos em anonimato, ao passo que dedicava sua Mensagem a Sidônio Pais, tirano carniceiro mesmo que efêmero de Portugal. Ezra Pound dizia que Mussolini ia acabar com a usura. Castro Alves, alcóolatra inveterado Vinícius, além de querer ver beleza no machismo, trabalhou para a censura de cinema. François Villon, este então era assassino e ladrão. Homero, de todos o mais cafajeste: a uns dizia ser cego, apesar de nunca ter existido, além de ser autor das incompatíveis Ilíada e Odisséia. Já eu, por minha parte, dedicado à arte das causas justas, praticante da bondade no limite tolerável da bondade, democrata e progressista social, nunca escrevi nada que preste.
é isso aí,
Abraço!
Daniel.
Pra que prestar pralguma coisa? ;)
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