1/28/2008

nenhum mar (trechos)


Give it away

(Red Hot Chili Pepers)



Copacabana não me engana mais:
hoje tenho o cinismo que roubei
de todos os espelhos em que vi
o outro, este que fui sem nenhum zelo
recuperado porque destilei
mil litros de suor com que escrevi
seu nome nos lençóis de hotéis de quinta
com o amor que move o sol e outras estrelas

...

mas quando ponho a máscara estou nu
falando pras gaivotas, sem um puto,
versículos neon à beira-mar
enquanto a forma ao fundo se entrelaça
despedaçando o espelho que fui eu:
era como se o corpo prosseguisse
e eu dissesse à beira de um abismo
amor, sei que estou vivo’, e desse um passo



2 comentários:

Daniel F disse...

Oi Aldemar,

muito melancólico, e muito bonito.

Das poucas vezes que fui ao Rio, achei Copacabana e Ipanema lamentáveis, não sei se a culpa é da bossa nova que virou fundo musical de novela das 8. Prefiro o Centro. Do que menos gostei aí foi a imposição da alegria, o ar de mundo tropical fake e desesperado. A melancolia num lugar desses deve ser mais funda.

Abraço,

Daniel.

Aldemar Norek disse...

Daniel,
um olhar "estrangeiro" e atento é sempre interesssante.
Você apreendeu um dos lados de Copacabana.
Mas não existe uma só copacabana, são muitas, são vários lados - dos piores aos melhores (digo no sentido humano, não em outros).
Bacana você ter gostado. Escrevi isto aí em 2005, é pra ser um poema longo, tem já outras partes escritas e - você também tem razão - a melancolia e a dúvida atravessam tudo, assim como Copacabana, que tem pra mim vínculos de paraíso e de inferno. A idéia era tansformar este inferno e paraíso particulares numa coisa mais universal - como acho que deve ser a poesia (vou pensar se posto outros trechos deste poema aqui, não esotu certo de estão pelo menos mais ou menos redondos, os outros trechos). E você tem razão em outra coisa: a melancolia, se você está em Copacabana, é de f....
abraço.