4/03/2007

Bagagem




tantas perguntas eu lancei ao vento e o Tempo
só me retornou o Silêncio
(deve ser o Silêncio essa resposta que eu
não pressentia)

álgara via em que me perco tendo à mão
palavras que não vão palavras que não são
palavras que também não voltariam

impressa ânsia que se vira em espanto que no fim
não vira nada

4 comentários:

Daniel F disse...

Oi Aldemar, uma vez eu dei aula de filosofia e ética para administração, não me pergunte como, devia ser porque minha aula tinha um clima meio de recreio, por incrível que pareça era legal, mas cheguei ao poema do Alberto Caeiro mais ou menos: o luar através dos altos ramos é, além de ser o luar através dos altos ramos, é não ser mais que o luar através dos altos ramos. Isso foi muito importante, porque foi o único momento em que vi que os alunos ficaram realmente indignados. Eles ficaram muito putos com o poema! Nem quando eu provei por A mais B que uma empresa é um duplo de um presídio, nem quando eu mostrei direitinho que eles estavam sendo roubados pela Faculdade e que isso era o meu sustento, nem assim eles se revoltaram. Mas acho que isso faz muito sentido.

Daniel F disse...

Quero dizer: porque é difícil pra caralho a gente ver que não há nada por trás das aparências. A gente sente isso como uma privação. Mas eu acredito piamente que a redenção está por aí, nas Aparências: meus heróis são Zaratustra, Caeiro e Baleia (a cadela de Vidas Secas). E acho que isso tudo tem muito a ver com seu poema, mesmo que ele tenha uma grande melancolia. Tem muito a ver com seu poema, Aldemar

Abraço,

Daniel.

Aldemar Norek disse...

Pois é, Daniel, tem o processo de busca de sentido, com 'S' maiúsculo, e às vezes a descoberta(desconfiança) de que pode não haver sentido algum. E tem o jogo da superfície com as profundezas - pq é através da pele que a gente percebe, capta isso que pode ser (ou não) o real.
De qqer forma, acho que o FP adoraria terem ficado putos com o poema dele - e tvz tirasse um sarro.
E a Baleia foi minha heroína aos 9 anos de idade (tvz até hoje).
abração.

leo mackellene disse...

esse poema é seu, aldemar? construído a mão, hein, meu amigo? quanto à pele... não, amigo! não sentimos as coisas pela pele. as coisas são inalcançáveis. a palavra é o limite.