Ao longe
a espuma
se confunde com
Pequim
ou alguma cidade longínqua
agora adormecida
a base de fortes
soníferos
Ao longe
a névoa atrapalha
talvez Babilônia ou Alexandria
ainda vivas gritam soterradas
alguma guerra em marcha
pesa em suas sombras, o cais.
A espuma
branca
reluz como límpido ponto inalcansável
volúvel
vai com a maré
[vai como maria com outros]
enquanto por aqui
as peças do xadrez esparramadas
você
indiferente
o livro
embaixo do braço.
2 comentários:
Gostei muito desse poema, Masé. Achei que por causa do mar e das peças de xadrez o livro poderia ser do Fernando Pessoa (mas claro que no poema é melhor que seja qualquer livro). Aquele poema sobre os jogadores de xadrez é do Ricardo Reis? Não me lembro direito e não tenho o livro.
Uma coisa engraçada é que ontem escrevi um poema que vai mais ou menos no mesmo sentido do seu. Viver o exílio, mais ou menos isso. Pra variar, porém, o que escrevi é cheio de contradições, e tem até um certo ressentimento que tento ironizar. O seu poema é melancólico, lúcido.
Abraço,
Daniel.
oi Daniel
obrigada pela leitura!
ando meio sumido - muito muito trabalho
mas é por aí mesmo, Ricardo Reis tem sua presença
no tema da indiferença, ouvi contar que outrora etc
a tal torre de marfim, etc
o poema seu a que vc se refere é esse postado logo em seguida ao meu?
vou ler com calma
beijos para todos
Masé
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