"A significação biológica da guerra:
Nada é certo em nosso destino. É possível que as grandes e imperfeitas sociedades dos nossos dias, perpetuamente em conflito, com o seu desenvolvimento rápido e sua organização maravilhosa, comparada com a de todas as outras sociedades animais, nunca cheguem a unificar-se. Talvez o homem se revele incapaz de se desembaraçar do superdesenvolvimento da guerra; talvez ele seja estorvado pelos imbecis, pelos egoístas, pelos broncos ou pela maioria estúpida, tímida e tradicionalista. O peso morto da população de nível inferior pode asfixiar as minorias construtoras, a elite pensante leitora de revistas semanais, o farol do mundo.
Ou então transformações climáticas imprevisíveis podem voltar-se subitamente contra o homem. Podem irromper epidemias estranhas, demasiado velozes e mortíferas. Nada nos assegura de que os ratos e os cães não se tornem novamente ferozes, ou que os gatos, as moscas e uma multidão de vermes errantes não façam, futuramente, investidas bruscas, amontoando-se e escondendo-se sob as ruínas de cidades decadentes. Cardumes de peixes podem um dia banquetear-se sobre os restos de náufragos dos derradeiros navios humanos.
Veja: os últimos homens, com os dentes corroídos, poderão se lançar ao mar, desesperadamente, quando os últimos livros também submergirem. Numa situação ainda mais tétrica, quem sabe, eles terão que escolher entre uma página contendo um soneto de Shakespeare e uma velha avarenta que morre afogada. Neste momento, as águas tornarão inúteis o oceano das citações, o entulho lamentável denominado "civilização" emergirá como fezes de baleias e nem mesmo Aristóteles poderá aconselhá-los sobre a decisão mais acertada: salvar a velha ou a Obra. Ambas serão repasto para silenciosas e insinuantes enguias, os animais mais estúpidos da Natureza."
Quando você é vulgar: apenas negocia convenções, não domina os segredos, qualquer um pode dizer que árvore é o nome de uma cidade, que cidade é o nome de uma arma, que arma é um sentimento, que sentimento é o nome de um faraó. A língua epistolar é a conversa vulgar no desentendimento, mesmo que este ocasione encontros repentinos e imprevistos. É quando uma criança autista diz pra você: se o mundo gira, porque você não fica tonto?
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