1/14/2007

Baby, fix me one more drink

A cidade acorda azul
Mas se amarela
Na medida que o sol
Vai subindo

um dosador

Cada vez mais cachaça
Chorada no asfalto
Esquenta coisas e pessoas:
Ao meio dia todos andam
Pastosamente
Trocam olhares veludosos
Soltam palavras-bolha
Num aquário de água
Que grifo não bebe. <>

O vento vem, traz a chuva
Mais a pressa.
A pas-
maceira passa
Deixando nas bocas o batido
Gosto de guarda-chuva.

Um sujeito,
Aquele de camisa azul-marinho,
Corre pra casa, lá
Encontra um grifo de olhos vermelhos
Pousado sobre o filtro de barro
Baixando a cabeça pedindo carinho
Ou armando o bote.
O hálito do bicho traz medo
Solidão, raiva e melancolia –
Sem raiva como aquilo voaria?
Seu corpo é profundamente azul mas
Olhando de perto as penas
São agulhas, mais de perto plumas,
Mais de perto dentes,
Mais de perto o bicho
É de vapor e some
Consome-se
Na noite que cai.

2 comentários:

Aldemar Norek disse...

o peso e a leveza estão virando obsessões?

Daniel F disse...

Pois é Aldemar. Tenho observado esse tipo de contraste com mais atenção ultimamente. Um abraço,