Quando você é vulgar: apenas negocia convenções, não domina os segredos, qualquer um pode dizer que árvore é o nome de uma cidade, que cidade é o nome de uma arma, que arma é um sentimento, que sentimento é o nome de um faraó. A língua epistolar é a conversa vulgar no desentendimento, mesmo que este ocasione encontros repentinos e imprevistos. É quando uma criança autista diz pra você: se o mundo gira, porque você não fica tonto?
1/19/2007
...
lutei demais contra esta sensação
de fracasso
banquei o jogo
hoje deponho as armas
aqui
defronte ao mar e sob
um céu de chumbo impenetrável
onda após onda
- feito uma vida sucessão de vésperas
adultério de tudo
sofisma de sofismas -
me lembra que a cada dia
sucede outro e outro
e
assim
entre desertar ou ir
até o fim
traço mais um erro
calculado
pego novamente o bonde errado
e caio fraturado
em mim
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2 comentários:
Me lembrei de uma entrevista recente com a Fernanda Montenegro, em que perguntam se ficar velha é tão ruim, e ela responde - é uma merda, mas a outra opção é a morte.
"Sucessão de vésperas" é perfeito. Esse aí calou fundo.
Abração!
pois é, Löis,
tem uns poemas onde a gente coloca mais fundo o momento que se está vivendo - este momento aí tem mais de dez anos...- .
gosto muito da despersonalização, mas também gosto de poetas onde sinto o comentário sobre o dia-a-dia e as angústias materiais, comezinhas, os que conseguem transformar isto em poesia. Aqui tentei.
um abraço!
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