7/27/2007

A guerra é um edifício frágil e a verdade é seu grande truque (Oito-Olhos explica)

1. Um jogo de cartas embaralhadas e distribuídas pelo Azar.

2. A rivalidade essencial: um que deseja o desejo do outro, o terceiro desejado pelos dois rivais. O que é o terceiro? Oras... o Prêmio, o inefável X, uma coisa tão fugaz quanto um pássaro morto. Se o primeiro envia ao segundo um pedaço de madeira carbonizada, pode esperar que vem incêndio. Se o primeiro envia ao segundo uma lâmina, o ataque virá como degola. Se o segundo padece de fome por falta de sal, o primeiro o alimenta (não se luta com sal, mas com espadas). Não matamos (com cerimônia) covardes, fugitivos, pessoas que estejam sentadas, ou simplesmente observando o combate. Isto aqui cá entre nós: para os lobisomens, os comedores de carne crua, os escravos, os curvados de tanto olharem o chão, para estes a lei do extermínio selvagem, o massacre total, a pilhagem e a incorporação posterior com a tábua das leis da moral.

3. O orvalho da morte é lenda popular, não tenham medo. No máximo, pequenas asfixias ao léu, decididas pelo Destino, ou de vez em quando um ou outro alguém pode derreter como um sorvete ao sol. O mais chocante dos espetáculos porém é o oferecido quando você junta 340 quilos de trotil, o mesmo elemento usado antigamente nos gases para a iluminação noturna das cidades (uma pétala duas pétalas, ah camélias), porque este não é tosco como a pólvora que precisa de calor, e não perde o poder nem mesmo imerso na água. Quando o alvo é um navio de civis, oh que espetáculo fascinante (quer dizer, terrível!). Tanto estardalhaço, tanto sentimentalismo, tantos cadáveres inchados boiando chegando à praia domingo de manhã entre os castelos de areia. Mas isso é muito errado. O bom mesmo é a paz, a harmonia. Mas por via das dúvidas, esconda-se na penumbra, observe o inimigo dando um jeito de deixá-lo sob a luz vertical do sol ou da lua (o crepúsculo é a hora apropriada).

4. Agora podemos falar nos submarinos.

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