11/07/2006

Trem Fantasma


(Dolores Duran em vinil arranhado, ao fundo...)

entropia de luzes prévias
como a treva e o cio
das estrelas cancros de rancores
vagos e ardendo (ocaso de promessas...) dentro
não paira nem
vacila (olhos vendados!)
eclipse final das esperanças sem premissas
plenário das ausências reunidas
azinhavre por sobre a pele cínica dos dias
azulejos brancos bisotados compostos contra a
louça azul de um ton sur ton como a agonia
das manhãs de cadafalsos entre as flores
fáceis onde eu não
conheço exatamente a fímbria
(joelhos contra
o chão!
pés amarrados!)
diazepan xenical paracetamol café de tez
amarga em chávenas de lata e a estreita
clara mas estreita várzea de uma voz
que cala e se multiplica dentro
das mesmas tardes de terra seca
fala seca beijo de saliva seca
píncaros de lama seca
(areia movediça!
merda!)
:

para enfeitar a Noite do meu Bem.

2 comentários:

Daniel F disse...

Pois é, fica o dito e redito por não dito. Ainda não sei como uma canção chama a outra, mas que chama chama. Acho que esse seu poema daria uma ótima segunda parte pra Noite do Meu Bem. Como esse bem demorou a chegar... Pensei também na demora de Chapeuzinho Vermelho a caminho da casa da vovó-ansioso-lobo mau. E já que entrei nessa onda de associações loucas por causa do climaepistolar: odeio aquela bossa nova "lobo bobo".

Haemocytometer Metzengerstein disse...

O choque entre o meio e a primeira e última frases contrasta singularmente, e faz na sucessão o que os parênteses fasem na simultaneidade. :)