Quando você é vulgar: apenas negocia convenções, não domina os segredos, qualquer um pode dizer que árvore é o nome de uma cidade, que cidade é o nome de uma arma, que arma é um sentimento, que sentimento é o nome de um faraó. A língua epistolar é a conversa vulgar no desentendimento, mesmo que este ocasione encontros repentinos e imprevistos. É quando uma criança autista diz pra você: se o mundo gira, porque você não fica tonto?
11/03/2006
Post Mortem
Seu corpo de cobra escolheu fugir
das mãos grossas e dos olhares pesados
dos lobisomens urbanos enfeitados
de criança.
Seria fácil concordar.
Suspirou, ao enroscar-se aos troncos e galhos
das árvores que ainda enfeitavam o local.
Viu que era aquilo o que tinha restado da vida
engendrada pela sua geração.
Um dia, tudo vai esquentar tanto que o mar vai virar nada,
segredaram-lhe as folhas de papel.
Ela olhou amarelo e sorriu.
Pensou nas falas de Bertolt Brechet:
Destas cidades ficará quem as atravessou, o vento!
Por fim, deixou-se ir, de olhos abertos.
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Um comentário:
esta angústia de geração é muito pesada, não é?
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