pele cinza rajada
de negro
pergaminho rajada
de letras
língua áspera trocando
calor no tecido vinho
na suavidade-mundo
nessa hora de veludo
objetos tomam
a forma do corpo.
vinho rajado de temas
calientes
absorvida pelo calor
circula
entre os pelos
e o sofá
a vida justificada
(cada uma por sua vez a cada um no seu
momento o calor é indizível prêmio)
pele cinza rajada
de negro, outra
outras letras
dicionário talvez:
o salto os dentes
língua seca punhado de sal
unhas afiadas
despolidas, impolutas
embriagados de virtudes
engalfinhados dois corpos
no mesmo espaço
ainda
no mesmo espaço
veludo vinho acalanto
almejado
outros corpos rajados atingem
três quatro vinte e cinco
oitenta e um
ferinos rasgando-se sobre o sofá
cento e três vinte rabos vezes
vinte línguas
quarenta olhos oitocentos dentes
um bilhão e trezentos e setenta e oito mil pêlos
até que um
desiste se entrega
o vinho o sofá
joga-se ao chão frio
sem traços ou letras
chão branco sem frisos
some no mundo
orelhas baixas
resmungo de felino camundongo
e depois deste outro
outro mais outro mais outro mais outro mais outro mais outro mais outro mai
até que se queda sozinho
o Rei do Sofá vermelho
lambendo o calor do seu corpo.
o caçador e o caçado
comeram-se os próprios rabos.
alternância de sofá é lugar quente .
4 comentários:
Demais, Daniel. Muito bom, anima pra caramba.
Muybridge e Duchamp numa grande suruba. Calor comunicante. O coletivo em cada um. O melro cumulativo de Norman McLaren.
é um gato?
o pulo do gato.
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