Quando você é vulgar: apenas negocia convenções, não domina os segredos, qualquer um pode dizer que árvore é o nome de uma cidade, que cidade é o nome de uma arma, que arma é um sentimento, que sentimento é o nome de um faraó. A língua epistolar é a conversa vulgar no desentendimento, mesmo que este ocasione encontros repentinos e imprevistos. É quando uma criança autista diz pra você: se o mundo gira, porque você não fica tonto?
1/10/2007
Quando te vi
Desenho o que vejo com olhos do tempo:
um puro instante a se prolongar em linha fina,
delicada,
riscada com meus dedos
em cinza chumbo:
grafite.
Liberto-me de mim nesse traço.
Desprendo-me do plano,
e de suas dimensões diminutas,
e espalho-me na embriaguez do sonho:
sou mil mulheres diferentes
e seus filhos
e seus maridos:
todos mortos.
E sou a luz fugidia do raio que os consumiu.
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10 comentários:
lindo, delicado e poético. em sua acepção mais profunda. isso é poesia.
Que bom! Surgiu do encontro com vocês...
olá,Eliana.
vc voltou e com o poema seu mais bonito dos que já li, pra mim.
bjs
concordo com o Aldemar e o Anderson!!
Um beijo, Eliana.
Beijos, meninos! Daniel, eu estava aqui, quietinha, grávida desse aí.
oi, Eli, td bem?
teria umas sugestões aqui:
"a se prolongar" me dá uma idéia de literatice.
eu colocaria: "se prolonga", inclusive porque vc "entra dentro do intante que se prolonga" , materializa ele, e não apenas o narra.
e tvz tirasse os "e" da frente de "seus maridos/ seus filhos" ou só da frene de seus maridos.
bjs...
(acho que o que mais gostei neste poema é que ele não é intelectualizado, no sentido de que tem matéria de vida no meio, bem explicita, mas observada pela lente da poesia, e suas aproximações).
Uma sugestão: mencionarmos o autor da obra de arte que "roubarmos" pra aderir aos poemas que postamos, qdo for interessante ou "programática" em relação ao poema, como esta parece ser....
o que vcs acham, epistolares?
acho muito interessantes os paralelos históricos entre artes visuais e poesia....poderíamos conversar mais sobre isso...
Oi Norek! Desculpe, mas desta vez não vou mudar nem uma palavra... Gostei do resultado. Quanto à imagem: sempre roubo a imagem depois que escrevo. Nunca antes. E sempre encontro um irmão visual pra minha poesia. E, em geral, retiro dos sites Canal Contemporâneo e Art in Context, que têm excelentes artistas contemporâneos. A obra acima é da Edith Derdik, artista de sampa, que eu adoro. Beijo!
Oi, Eliana.
não se trata de desculpar, imagina.
o lance é justamente a gente trocar idéias, confrontar visões no melhor sentido da palavra.
na leitura que faço do seu poema, realmente acho o que falei.
mas é vc que sabe, claro.
e é um mero detalhe.
beijo...
e valeu pela dica dos sites.
eu acho o poema perfeito em forma e conteúdo, e é o melhor poema escrito por vc Eliana, também na minha opinião.
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