3/24/2007

Armazém 1848 (Epitáfio)

Aqui, neste portão enferrujado

Na calçada rachada entre o mato e pacotinhos coloridos de Elma Chips

Nadir, esquizofrênica, sofrendo de paralisia crônica (vinte e poucos anos de idade) na parte direita do corpo, vítima de mania ambulatória

Flagrada pelos Oito-Olhos (forjados na estratégia da caça nos tempos do Antigo Comandante e sua Horda) em atitude denotada vadiagem, encarcerada a pontapés, entubada à tuberculose na Colônia

Vomitou o vinho que prometia a redenção. O vinho verde da Ilha das Sereias. O vinho rubro das barricadas. O vinho barato e muito doce na utopia da multiplicação dos prazeres, a cada vivente potencializados por vinte mil vezes vinte mil Neros. O vinho amaldiçoado pelas máquinas de calcular perdas e ganhos, “Um prazer na mão e duas dores voando”

Aqui, neste armazém desolado, Nadir mandou sua mensagem final.

“Deus andou tomando todas
Orai, filhos da Divina Ressaca”

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