Pego o pedaço de arame e produzo um jornal de domingo
Junto o aquário e o cartão de crédito
Raspo a tinta da parede
Pego a tesoura e recorto a beira do cartão no formato de dentes
Corto o vidro do aquário com os caninos de crédito
Enrolo o vidro no barbante e jogo na caverna
Amasso o jornal ponho na caverna
Penduro tudo no teto com o pedaço de arame
Faço um telefone de não ouvir lamentações
Desenho as lamentações no chão
E taí de novo o jornal de domingo
Dobro o jornal formando um aviãozinho
Jogo pela janela com a tesoura
Oito-Olhos, soberano de Gotham City,
Observa o aviãzinho de jornal de vidro
Enquanto desço rapidamente pela escada de incêndio
Oito-Olhos passa com uma sirene na ponta da língua
E um capacete luminoso
Fico vermelho e enferrujado
Como a cadeira vermelha e enferrujada em que estou sentado
Oito-Olhos está na central de controle
Me flagra de perto, bem perto
(Oito-Olhos inventou uma frase,
“Sorria você está sendo filmado”
E um sintoma
“Pulsão Escópica”)
Arranco minha pele e dela arranjo uma seda
E preparo para a moça ao lado, que passou pelas mutações aludidas:
Agora estou sendo fumado na caverna.
Pego o azedo do meu coração e faço uma caipirinha
Digo baixinho
“A verdade talvez mergulhe em sua doce embriaguez”
Mas Oito-Olhos nunca se cansa
E voltamos à estaca zero.
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