a Guillaume Apollinaire
Tínhamos
o direito de saudar todos que passavam
eles nos pertenciam no outono pelas ruas
em passos largos incendiários
nossos rastros anunciavam
a novidade de uma vida fascinada.
Andávamos firmes, andávamos decididos
em mil organizações clandestinas, na nova escola
cachecóis eram tricotados ao ar livre, desfeitos à luz da lua
e pelo Sena o trote
de dia ou de noite
passos se refaziam e descosiam-se.
Três marchavam e o odor se desprendia do Jardin de Plantes
você a direita, você a esquerda
ladeavam
diabólicos planos de consertar o mundo
nosso remendo, nossa travessia dos rios que conectam
apagavam cordas e as noticias minavam sempre.
Éramos basanés em Belleville
éramos pretenciosos
a contornar o amarelo, o azul verde
esquadrinhar os mil quadrados
contorcidos já prenunciavam
violetas através da Europa.
Enquanto cachos de faíscas despenteavam
entre o metro Odéon
entre as passantes coloridas
a chuva fina
nossas imagens
apagava.
(novembro 2005)
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