5/24/2007

nº 40




Rasgou-se a pele dos olhos na letra dos metafísicos, noite
após noite sob o silêncio desta cidade
que ruge em tons de cinza e de bolor,
mas não surgiu transcendência que não viesse do fundo
do corpo – o mergulho na alegria do corpo é
o mergulho na alma, suas rasuras, a alma
repartida em milhões de células, numa explosão, da superfície
ao fundo (cheia de vãos, a alma), enquanto beijo
sua boca e varo
seu corpo bem fundo em busca
do que sou, na vertigem
dos seus precipícios.

(das "Notas Marginais")

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