Cheguei a pensar
Que escreveria melhor
Se soubesse mais nomes
De flores e árvores e
Não estava assim
Tão errado.
Apesar do vício
No romantismo
Apenas sei o nome de plantas
Óbvias.
Livros sobre o assunto
São vitrines de jardinagem:
Um orvalho sobre a pétala roxa
Na noite escura, seja
Puro mau gosto
Cometido em cristal líquido.
Já vi mais de uma
Rosa doente
(Li em suas cores desbotadas
Que um inseto
Imperceptível as consumia).
De gérbera entendo
Pouco
(Certa vez me dissolvi
Na labirintite
Propiciada por esta flor).
Ainda me lembro do nome
Mas não da cara
Da jibóia
(Esta por ser ideal
Para jardineiros relapsos
Não precisa de água e
Como ontem
Joguei violetas mortas
No lixo orgânico
Com as borras de café
E o resto do almoço
Me lembrei da jibóia
Que um dia me deram).
De minhas pernas
Que mais pareciam
O chão do cerrado
Em tempo sem chuva
Brotavam raízes.
Arrancava-as, paciente,
O que era indolor
Apesar dos rasgos na pele
Cada traço deixava
Uma cicatriz –
Uma rigidez.
Um comentário:
isso é uma propensão ao nomadismo, o arrancar raízes?
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