7/08/2007

Jornal de Domingo (Da seção Crimes de Paixão)

Num quadro tétrico da dissolução
Familiar
Ritinha chegou em casa escondendo os olhos
(Esqueceu, a malandra, de levar o colírio
Para o “piquenique” promovido por amigos).

Eis a cena (não falemos em Castigo
Seria muito cruel prezados leitores)
Encontrada por esta verdadeira parasita social:

Um vestido estraçalhado
Um amontoado quase irreconhecível
Não fossem as unhas vermelhas
De tripas e ossos
Os três cachorrinhos sorrindo cinicamente
(Detalhe passado pela moça
Mas devido ao abuso da maconha)

Fifi deitada no sofá com um olho entre as patas
Lili esfregando-se no sangue
Keké lambendo os óculos escuros de astronauta.

No quarto
Em estado de catatonia
Um senhor de idade (o pai de Ritinha)
Não queria saber da tragédia.

Mais tarde
A polícia averiguou, detalhe sinistro
Que os cães atacaram
Sob as ordens do dono
(Sim, ó Bento XVI!
O velho era o culpado.

Em sua defesa arriscou uma evasiva
“Não aguentava mais macarronada”)

Um comentário:

Aldemar Norek disse...

"A vida como ela é" anos 00, e fora da prosa.
ultraísmo à toda.
abração