8/17/2007

O Cérebro de Keyserling

Havia um cérebro guardado em conserva ao lado de intestinos de animais

Exóticos.

Este cérebro continha os segredos do suicídio em túnica branca para a alma dos tiranos e sabia falar metalicamente, encadeando uma palavra na outra, num tão agudo que perfuraria o ouvido das massas, aderindo-as ao programa da pacificação universal

Se elas soubessem ouvir por vias indiretas, quando dizia

Há uma serpente nos olhos do amante e da prostituta e eu estou aqui pra desfazer os nós através

Da metodologia dos mestres do chá e inventei uma cruz de cristal líquido para o seu pânico indolor, no bojo da questão.

5 comentários:

Aldemar Norek disse...

Isso tem a ver com aquele "projeto científico-literário" do Mário de Andrade?
Não sei, mas mesmo sem "entender" direito, gostei muito deste poema, com seus "enjambements" radiciais.

Não entendi por que você tirou aquele outro que estava aqui. Tinha adorado ler. Se não colcar de novo, manda pra mim, por favor. Tem um "outro" Daniel ali, dentro do mesmo.

abração

Daniel F disse...

Ok ALdemar, depois eu ponho aqui de novo. Tenho algumas dúvidas com aquele poema. é meu lado mais lírico mesmo, que deixei de lado há um tempo. Mas esse aqui não tem a ver, diretamente, com o MA somente, mas com esse papel do intelectual como líder das massas, educador etc, que sempre deu em merda.

Daniel F disse...

ah, e me esqueci, "no bojo da questão" é foda, não é?

Aldemar Norek disse...

é sim, esqueci de comentar este "o bojo da questão", mas dei uma quase gargalhada, digamos um sorriso largo, ou seria um "esboço de sorriso", já que não sou de efusividades...? rs
mas foi demais.
acho que foda são os intelectuais (na sua maioria esmagadora, pretensos).

Aldemar Norek disse...

Sim, e me ocorreu (no bojo da questão,rsssss):
você não acha que existe todo um aparato repressor ao lirismo na poesia de hoje, e que este aparato muitas vezes faz perder coisas boas por um estatudo muito programático e uma ditadura-do-que-deve-ser-a-poesia-hoje-em-dia-nestes-tempos-deleuzeanos?

É como o casamento: o Francisco Bosco fez uma análise beminteresante: que o casamento não acabou como instituição: que ele vei se reinventar numa outra forma melhor, depois de seu percurso entre afirmação e negação. De repente o lirismo também (estou farto do lirismo comedido, etc).

abração