somente o frio
é real
estou colocando
as meias
para o futuro
os sapatos
às bocas
do véu negro
do céu
minha cabeça
lenta
chapada ou anestesiada
não vive
para contar
a história
os sapos morreram
nos entulhos
dos fundos
da casa
desconheço minha casa
muitos livros
nos sebos
alguns na estante
raros no coração
a mente estraçalhada
minha heroína
não vem.
nunca veio,
não sei.
2 comentários:
Gostei da estrofe "estou colocando/ as meias/ para o futuro" - mas ela me dá a idéia do poeta burguês, um que só dorme de meias (não que durma "só" de meias...rs), meio conformado com esta derrocada geral que você menciona no poema ("a mente estraçalhada") e sem tesão pra ir à luta, só expectando e esperando ("raros na estante" e " minha heroína/não vem") com uma consciência agura da incapacidade ("minha cabeça/ lenta/chapada ou anestesiada"). Gostei tbm do uso do vocábulo "chapada" e da menção aos sebos.
Esta crise toda fez um bom poema.
abração
aldemar norek
Resumindo: li este poema como uma fala de geração, de tempo, de linhas de força. Não sei se me fiz entender....
abraços
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