8/30/2007

O plano B falhou, meu bem.



Todas as promoções deste supermercado escondem
armadilhas, ainda que os olhos
da mulher atrás do guichê de crediário
amplifiquem metáforas de sucesso:"como fazer amigos
e influenciar
pessoas
”. Seus olhos são verdes da cor do mistério, mas isto
não induz qualquer salto
para além da superfície. As coisas, a coleção
de coisas em oferta forma,
em estrépito cortante, o aparato de planos
onde é dado movimentar-se, meu bem, mas nunca
em plano-seqüência: alguém
grita “corta!” e você fecha os olhos, sonhando
com a próxima emulação de paraíso. (Deviam ter disponibilizado
nas gôndolas uma metafísica
de pássaros, qualquer uma,
para aquele que chegou
do campo agora e cuja memória
ainda vasculha sons
de primavera).
Caso você tente alcançar
o subterrâneo, o expediente se encerra e o mundo
fica parecido com uma calçada em frente às vitrines
depois das 22.

Adicionalmente, é bom saber que trocas
serão feitas apenas
às segundas e mediante
cupom fiscal, sempre das 9
às 11.

Um comentário:

Lucas Nicolato disse...

E aí, rapaz?
Que bom que tem gostado das novidades.
Esse seu poema é bem diferente também. E interessante. Curto muito os limites entre prosa e verso.
Marquemos o famoso chope de agosto pra segunda semana de setembro?
Abraço,
Lucas