8/21/2007

Saudade da Giovana (Ou, lirismo mesmo, e daí?)

Se em sete sementes
Eu repartisse seu nome
E plantasse uma a uma
Em cada um
Dos sete dias da semana
Sete gérberas brotariam,
Entre junho e janeiro.

Cobrindo sete meses
Pétala a pétala,
Sol a sol,
Lua a lua:

Eu me esqueceria sete vezes
Do meu nome
E me chamaria asa, flor,
Flecha, manhã, tâmara, verde,

Domingo.

* * * *

Ontem sonhei ser
Um quarto escuro
Hermeticamente fechado
Onde você, meu amor,
Sonhava com seus brincos
Em forma de lua.


5 comentários:

Eliana Pougy disse...

Ah, que lindo! E aí, vai enviar uma pergunta pro Mirisola?

Daniel F disse...

Eu não Eliana. Pra quê? Ou, quem sabe, eu perguntaria se não é uma merda o cara ter que participar de eventos desse tipo pra poder sobreviver como escritor (não sei se esta entrevista é remunerada, mas acho que deveria ser).

Porque a impressão que eu tenho é que, e não só no Brasil, a famosa e necessária e louvável divulgação da obra que Cronopios p. ex. faz tão bem, acabou se tornando a única fonte de renda mais ou menos pra quem escreve em tempo integral, já que direitos autorais...

Ou seja, quem optar por viver como escritor, e não quiser entrar numas de Paulo Pentelho, na verdade vai se profissionalizar como palestrante e oficineiro.

Mas aqui sigo integralmente o método de Bartleby: "acho melhor não perguntar".

Aldemar Norek disse...

Já tinha te dito que gostei muito deste poema. Se lirismo é isso, sejamos líricos.
Na primeira versão não havia este apêndice, que pra mim é outro poema.
Acho que funcionam muito bem separados, e juntos se atrapalham.

Daniel F disse...

é aldemar, é outro poema mesmo. juntei os dois e ainda pus o nome da Giovana só pra chutar de vez meu balde lírico...rs

Aldemar Norek disse...

ps. gosto de nomes. Acho, p. ex., a estratégia do Antônio Cícero de mencionar o Marcelo (será real? fictício?)recorrentemente em alguns de seus poemas algo que me aproxima do texto. Em lugar de Marcelo posso imaginar Kátia, como poderia por qqer nome que quisesse. O mesmo Homero, com suas odes em que elogia ou baixa o pau (quase literalmente,rs) em Cloe e outras musas. Gostaria de me permitir fazer o mesmo. Mas me entram outras dúvidas - a da estratégia romântica - que admiro e abomino simultaneamente - de ancorar vida e obra. Isso já deu excelente poesia, e péssima poesia.
Neste seu caso aqui, nos 2, me deu a impressão de poesia da boa.