11/12/2006

Câmara de Ecos (revisitada)



-Psiu...
-Onde estou? Este sítio desconheço...
-Grandes são os desertos e tudo é deserto.
-O que eu vejo é o Beco!
-Vês?
-Não. A única coisa a fazer é tocar um tango argentino.
-Carregado de mim ando no mundo....
-Dê-me a mão! Eis a jaula do tórax. Ouve? Não vibra – gane, este filhote de leão domesticado.
-Sou um jegue na tarde pastando um verso.
-Toma um fósforo. Acende o teu cigarro.
-Tenho fome de me tornar tudo o que não sou.
-Certo perdeste o senso, tresloucado amigo!
-Ah, se tudo o que devora o coração no rosto se estampasse...
-Oh, que me custa caro o entender-te!
-Todo o mundo é composto de mudança.
-Fique, pois, sobrancelha a sobrancelha, a meu lado.
-Julga-me a gente toda por perdido!
-Já que dura tão pouco a flor dos anos, gozemo-nos agora!
-Mas estamos por aí, com as mãos nos bolsos...
-Venha cá, para o abraço cruzado dos meus grandes braços desajeitados!
-Grandes mágoas de todas as coisas serem bocados...
-Deixe que eu faça alarde da grandeza da tarde!
-Não quero saber de lirismo que não seja libertação.
-Inútil você resistir ou mesmo suicidar-se. Não se mate, oh, não se mate.
-Que barulho é esse na escada?
-O autor ainda está tateando atrás dum estilo...
-Posso escrever os versos mais ridículos esta noite (a memória é uma ilha-de-edição).

(de "plágios, samplers e outros balacobacos")

5 comentários:

Daniel F disse...

Caramba Norek!!! Sem comentários. Sem comentários!!

Anônimo disse...

muito bom, gostei bastante

Anônimo disse...

o anônimo sou eu, Anderson

Aldemar Norek disse...

Pô! Sem comentários? Ah,.....

Masé Lemos disse...

gostei muito!