11/07/2006

Glosando a glosa de Camões...

Mote alheio:

Perdigão perdeu a pena,
Não há mal que lhe não venha.

Glosa de Camões:

Perdigão que o pensamento
Subiu a um alto lugar,
Perde a pena do voar,
Ganha a pena do tormento.
Não tem no ar nem no vento
Asas com que se sustenha:
Não há mal que lhe não venha.

Quis voar a uma alta torre,
Mas achou-se desasado;
E, vendo-se depenado,
De puro penado morre.
Se a queixumes se socorre,
Lança no fogo mais lenha:
Não há mal que lhe não venha.

Glosa de Lancaster:

A Perdigão limitada,
De uma apenas traulitada,
Sem nem dó nem piedade
Mandou dez mil empregados
Para o olho da cidade.

Perdigão é só sorriso.
Lhe seria agir errado
(Menos lucro é prejuízo)
Ter pena dos depenados
Que agora estão na pista.

Entretanto a outra pena,
Da justiça trabalhista,
Não faz mal que lhe não venha.

2 comentários:

Daniel F disse...

Uma glosa a la Mário Quintana (não sei porque agora me deu raiva dele, logo passa...rs):

Vocês perdiguinho, eu Perdigão.

Eliana Pougy disse...

O Henrique tem uma camiseta com o logo da Perdigão, mas escrito Perdidão. É bem engraçada.