12/28/2006

Angelus novus

Porque são seis e treze da tarde e o ano está
indo embora
e um grupo de franceses
– você me diz
contesta esta comemoração.
“Como seria passar o tempo
sem tempo?”
Súbito o vento desloca
seus cabelos.
Na praça da Paz as pessoas estão agitadas
talvez o calor, penso, talvez
porque precisem reinventar rápido um ano novo
ajeitar os sapatos e as sandálias
as roupas cheias de ar
brancas
como Emily Dickinson.

2 comentários:

Daniel F disse...

Demais, Masé!

Haemocytometer Metzengerstein disse...

Muito bom.
Fui anagramar e me inspirou isso aqui:

O Dorso e o Pêndulo

A variação do impulso arritmista
Vai da presença ao comportamento
E da mágoa ao que ela evapora

Devora o alento em ímpeto, resposta
Expulsa entre mordaças
E um dedo vem ao vão calado
Levando à venda o amor da sado.

Bejo!