Quando você é vulgar: apenas negocia convenções, não domina os segredos, qualquer um pode dizer que árvore é o nome de uma cidade, que cidade é o nome de uma arma, que arma é um sentimento, que sentimento é o nome de um faraó. A língua epistolar é a conversa vulgar no desentendimento, mesmo que este ocasione encontros repentinos e imprevistos. É quando uma criança autista diz pra você: se o mundo gira, porque você não fica tonto?
12/17/2006
Nau
Há todo um oceano
em mim.
Em cada ato,
falho,
os erros e acertos,
os ecos silenciados,
as insinuações.
Quando eu grito,
um índio implora.
Quando eu sussurro,
mais um risco se desenha
na pele do aborígene.
Quando eu gemo,
um negro escorre
pelas savanas escuras.
Quando eu me aquieto,
outro indiano afunda
inerte, no Yamuna.
Nada mais me resta,
a não ser
mentir.
Velas içadas sob as ondas:
Meus olhos
revirados
são.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
2 comentários:
Eliana, que bom te ver por aqui! Sobre esse lance da mentira-no-poema, gostei muito :). Depois que vi aquele filme O Grande Truque que você sugeriu, me lembrei daquela música do Caetano (esse disco novo Cê é muito ruim, não comprem...) - "Você diz a verdade, a verdade é seu dom de iludir etc". Acho que seu poema é por aí né? Estou certo? Um beijo,
Sabe que eu não sei? Às vezes, as palavras saem, simplesmente. Achei que esse poema é meio dois em um, tem dois poemas misturados aí. Beijo!
Postar um comentário