Uma dispensa de comentários
Voou hoje da calçada
A lua, por um atalho aberto
Em colo marmóreo de mulher,
Subiu da praia ainda crestada
Dos últimos veios solares.
Era tempo de nada, até isso:
Um caminhante estranhando
A outra em decúbito,
Seu sangue à cabeça
O cândido balir dos pregoeiros de van
E, após, grossas nuvens arauteando
- num fim incerto a esse relato -
O pôr de toda luz.
3 comentários:
gostei muito deste aí, Löis!
Eu entendo onde você quer chegar, acho até que está conseguindo descrever um acontecimento (lembra que um dia você me disse que queria fazer isso?). A Masé também faz isso, e muito bem. Mas, não sei, está faltando um afecto, aí. Falta cor, intensidade, coisa que você tem nas suas letras de música, Lois. O que acha?
Eu concordo contigo, Eli. Minha propensão natural é a de fazer uma literatura de perceptos, pintar um quadro sensível. Mas os afectos fazem falta, são o que impulsionam, de todo modo. Acho que a tela amortece o impacto, sei lá. Bejo!
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