12/29/2006

Prazo

Uma dispensa de comentários
Voou hoje da calçada

A lua, por um atalho aberto
Em colo marmóreo de mulher,
Subiu da praia ainda crestada
Dos últimos veios solares.

Era tempo de nada, até isso:
Um caminhante estranhando
A outra em decúbito,
Seu sangue à cabeça
O cândido balir dos pregoeiros de van

E, após, grossas nuvens arauteando
- num fim incerto a esse relato -
O pôr de toda luz.

3 comentários:

Aldemar Norek disse...

gostei muito deste aí, Löis!

Eliana Pougy disse...

Eu entendo onde você quer chegar, acho até que está conseguindo descrever um acontecimento (lembra que um dia você me disse que queria fazer isso?). A Masé também faz isso, e muito bem. Mas, não sei, está faltando um afecto, aí. Falta cor, intensidade, coisa que você tem nas suas letras de música, Lois. O que acha?

Haemocytometer Metzengerstein disse...

Eu concordo contigo, Eli. Minha propensão natural é a de fazer uma literatura de perceptos, pintar um quadro sensível. Mas os afectos fazem falta, são o que impulsionam, de todo modo. Acho que a tela amortece o impacto, sei lá. Bejo!