12/27/2006

redor

um escritor viaja de trem, a noite cai descontroladamente. [o espaço literário é de morte.] os trilhos não são fuga nem desvio. o adagio não exclui a alta velocidade de uma parada em cinco horas, chega e retorna e não é refrão. a bossa nova seria azul claro em tonalidades variadas. ele passa. reticente. pronto explosão. solilóquios esquadrinhados. não existe garrafa jogada ao mar, mas abundância. a letargia faz querer avançar. sem chumbo nem ironia do vinho. frases ao humor. o escritor constata o azul com seus olhos gastos de ruas. indiferentes. consumidos, moedas empilhadas. um almoxarifado sempre está cheio e exausto. a lâmpada é 40 volts. desajeitado meu cão. sem beleza, viajo embriagado. da janela uma planitude de horizontes me prende. a estação corrói os ventos gelados do sul, uma cerveja. o tempo, o tempo, o tempo parece lufada de ar. bem aberto. o lápis sobre a mesa é epidíctico. calado, o escritor.

Nenhum comentário: