1/01/2007

Contrariedade Penal

(a partir de anagramas de "Alternância de Poder" - incluindo o título)

Palidez era canja
de genro
em casa de sogra. Mais - ela levantou
No mesmo instante,
Voluminosa a geadas em escarlate
Ante o rogo intenso;
Só em cerimônia dar podia.

O mais compadre de ironia
Tá alqueires longe de nunca afetar
Esse urgente resultado.
Olhares atraídos ao lustre
Cintilam de arbítrio, pelo ralo
Vai o assunto. É inútil:
Do umbral ao embora da mansão

Seu refém inda apodrece na cadeia.

5 comentários:

Haemocytometer Metzengerstein disse...

Os anagramas além do título:

Palidez era canja/
Pele cinza rajada

de negro / de genro

Tá alqueires longe de nunca afetar/
Alternância de sofá é lugar quente

e o interno:

Só em cerimônia dar podia/
O mais compadre de ironia.

Daniel F disse...

Essa técnica aí é bem interessante, Lois. Dá pra tirar muita coisa desse tipo de jogo que mistura o arbitrário (uma combinação aleatória que foge ao controle do "autor") ao artesanal (acho que deve ser bem trabalhoso) e ainda inverte a ordem entre criatura e criador (o poeta é cria da técnica e não o inverso). Qualquer dia desses também ponho em prática!
Abraço!

Daniel F disse...

Ah, e tudo remete àquela página daquele livro encontrado em Babel:

qxvydventyumpçg
mnputabsdgtnhsemal
nomnaonrubfdbyabebt
ó tempo tuas catedrais.

Um abraço!

Haemocytometer Metzengerstein disse...

Exatamente, man! A Biblioteca de Babel é o exemplo perfeito para um monte de teorias sobre o arbitrário da linguagem e o papel do sentido flutuando entre o significante e o significado, como a vida passando através da matéria e da inteligência. Adoro aquele conto.

E anagramas são uma grande fonte de inspiração a partir desse arbitrário, como a rima também, só que mais uniformemente distribuídos entre as letras, hehehe! ;)

Abração!

Aldemar Norek disse...

pois é, tem uma relação entre o imponderável e a rima bem interessante.
descobri isso naquela onda dos sonetos.