Você pode ter soluçado na sombra
entre paixões descontroladas e uma idéia vaga de paraíso.
Você não sabe em que poço escuro (fenda estreita) depositou a fé
que ainda lhe resta ou em que grotão buscar a que (sempre) lhe falta
e especula, transido e hirto como já convém a um que acumula
os frios superpostos que os anos vão depositando sobre a pele,
a origem das estrelas e a fome do corpo,
entre a espuma da cerveja e as batatas sobre a mesa de mármore que reflete
o som dos risos e uns olhares furtivos daquela busca que nunca se encerra –
você especula, num lance, num átimo que passa súbito por entre os cantos vivos
das mesas, por entre os pés de quem passa também e segue, por entre
a lúbrica noite e suas rotinas e seu rol de espantos, mas
de dentro do espesso mundo em que você se encontra não emerge
nada.
Vertical ou oblíqua, é incessante e fria a chuva.
(das Notas Marginais)
2 comentários:
Aldemar, ainda quero ler suas Notas Marginais inteiras. Vai postando por aqui, mas um dia me manda, se não tiver problema ok?
Abraço,
Daniel,
gosto de você querer ler estas notas. Não estão inteiras, andam sendo feitas desde maio passado. Este foi anteontem. Estou te mandando em seguida o que tenho.
abração...
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