3/15/2007

Triunfo

Foi ali mesmo
Em frente à fábrica de biscoitos
Triunfo
A garota passou sorrindo nos óculos
De astronauta
E cuspiu a granada
Na outra boca.
Os estilhaços se espalharam pelo corpo
E surgiu este porco-espinho
Que vocês agora espiam.

(Ele antes perguntei
A dois amigos se dali
Naquela paisagem vermelho-escuro
Debaixo do mato no calor infernal
No fedor de bolacha de morango
Qualquer um poderia
Dizer com certeza se o outro lado
Do deserto
Existia de fato ou era miragem
E o primeiro apontou o indicador
Para a própria orelha
Girando no sentido horário
E o outro, o terapeuta Oito-Olhos
Lamentou a devastação do
Eu girando como água no ralo da pia, sempre no mesmo lugar
Inconformado no seu narcisismo
E sentenciou:
Guerra é continuação
Do narciso por outros meios)

Cheguei em casa na dúvida
Se o deserto das bolachas Triunfo ainda existia
Alguém perguntou no dicionário
Qual seria a melhor palavra para cruzar
A fronteira
Caminho, ponte, trilha, istmo ou passagem

A palavra estava morta
Na ponta da língua.

2 comentários:

Haemocytometer Metzengerstein disse...

EXCEPCIONAL!!

Você conseguiu traduzir para uma língua estrangeira o sentimento que eu sempre tive ao ver aquela logomarca bizarra dos Biscoitos Triunfo, aquela interseção das caras dos meninos - como se o triunfo verdadeiro fosse todo mundo virar uma pessoa só, à la Arnaldo Baptista...

Daniel F disse...

Aqueles olhões com jeito de boneco do Homem de Areia...rs