Perdeu, maluco! (exp.)
É um “sair no arroz” à máxima potência, às últimas conseqüências (se você não sabe o que é ‘sair no arroz’ consulte o verbete específico; se puder passar a vida sem saber será melhor). E não adianta ficar com cara de idiota mesmo que você seja um: as raves continuam. Apesar de você. “Amanhã há de ser outro dia” é uma boa mentira onde se agarrar para esquecer que os desbastes do tempo amputam em definitivo partes suas e as largam por aí você nem sabe onde, longe de tudo e talvez junto às certezas, que já estavam todas por aí. Nem adianta ir depois a todas as raves e pegar todas as mulheres que puder, mesmo que você possua o desembaraço e talento para este fim, além daquela febre que só os que sabem que vão morrer possuem. Seria ridículo, aliás como você (explicando aos néscios, parvos e nefelibatas: ‘rave’ comparece aqui com um sentido metafísico, assim como ‘pegar’ e ‘mulheres’; ‘idiota’ e ‘ridículo’ não: são isso mesmo, como quando lhe dão um “perdeu,maluco!”). Nada adianta nesta situação, mas eventualmente uma súplica pode ser bela como a música estranha que a água produz em sua passagem pelas cordas vocais do afogado que assim canta seu último cântico, em desespero, geralmente olhando para um céu impassível e frio: não serve para nada, não o salva, mas pode até produzir beleza e mesmo Arte. Ou pode ser ridículo como o são os poemas em sua maioria, ou excessivo, ou dirigido apenas às aparências no rastro da quase totalidade dos atos e das coisas. Você tem duas opções: sentar e esperar (assim aconselhava aquele sábio chinês, e você sabe que sábios chineses estão sempre certos, mesmo quando estão errados), ou enfiar o próprio dedo em algum orifício de seu corpo e rasgar com violência. Difícil saber qual o mais doloroso. Quem escreve estas linhas desconfia que seja o primeiro porque não está inclinado a experimentar o segundo.
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