11/23/2007

Novo Pequeno Dicionário das Aproximações

(s.f.)
É uma ficção muito bonita e sutilmente elaborada que, ao perder-se, não se encontra nunca mais (algumas pessoas pensam que a perderam quando apenas realizaram uma transferência: passam a ter fé em sua falta de fé – aqui pode acontecer nova transferência ou deslocamento: para qualquer outro deus). Você nunca mais a encontra porque ela costuma desaparecer junto com a inocência, em mais uma prova de que realidade e ficção caminham sempre de mãos dadas. Neste caso (e tão somente neste caso) é besteira pensar que as duas se entregarão a práticas que têm como resultado o prazer, o êxtase e o delírio e sofrer o desespero rubro do ciúme em função disso. Não, mesmo não sendo nenhuma das duas assexuada, as suas taras se deslocam em territórios não comuns e o que as une se expressa exclusivamente na flor da metafísica, apesar das mãos. Perder pode ser um começo.

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