"Corte o escuro das pernas
Que preparo em claro pros seus olhos" —
Diz nossa amiga a seu amo.
Está fora do carro, abrindo a garagem.
Os faróis, gulosos, cospem só a sombra
Das batatas. Qual o exercício de
Tão rápida resposta? Qual
A vantagem de pedir que parem
Movimentos assim, pra deles
Tomar-se conta?
Seu amo está ocupado
Em passar revista ao cotidiano.
Objetos gritam quando ela força
Passagem, mal lubrifeitos, sem o hábito
Do guincho. A suspensão provocante
É chão de dentro para as carnes
Abertas em órbitas por janelas
Já panturrilhas abasteceram nelas,
As juntas plúmbeas das máquinas.
Suor dos bancos, trilho-os:
Óleo nas pretas placas que sobem
E mesmo na mobília de peroba
Dos dois e seus filhos.
Que a mesa se ponha,
Um beijo na fronha
Crucifixo cristo.
Pela alma das coisas,
Eu insisto.
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