5/23/2010

Compartilhar a dor

Da morte em vida: lapsos de lucidez


Para aqueles que não estão me deixando afogar


Depois de 6 meses sem escrever,
De 6 meses preso no buraco de Sumidouro (sem mesmo ir até lá)
Sumi, Desapareci: morri defendendo a vida!

Perdido nas névoas de um estilo etílico e,
Eventualmente, salvo por amigos e também por mendigos
Mais perdidos do que eu.

A morte deflagrou uma estranha inquietude: um pesar, uma melancolia-louca
Vontade de morrer junto
Desacompanhado e só, mesmo acompanhado, viver a tristeza do fim é ou foi
Se mutilar: tuer môi-mêmme!
Perder a perda?

Passar no portal: simplesmente atravessar cada fragmento da vida
Em busca da beleza da penumbra.
Obcecado pelo nada, esqueci do vazio
Frente ao nada-vazio
Preenchi a mim mesmo de embriaguez
Do vinho
Esqueci a poesia e a virtude

Só o barulho confortante do desassossegado córrego que some
Conseguiu me deixar passar
Passar pela vida sem sofrer: eis minha utopia!

Um alento vem do céu: o prazer e a alegria da gente humilde,
O retorno a mim e as árvores: a selva de pedra, me prende
Nada como uma expedição a mina d’água de Sumidouro:
Possibilidade de desassossegar em aconchego: já não acredito mais na salvação!
Ao menos habitar alguma morada...
Fonte de vida?

Deixarei a morte em paz, a fim de viver em paz?
Equilíbrio desequilibrado: me presenteei com a deusa Serenidade que
serei um pássaro.
Um pequeno e soberbo vôo: apenas isso. Não quero mais o mergulho, mas
a tranqüilidade das alturas!
Quanta arrogância! Reparar e mudar a rota: onde está o privilégio?

Talvez não quereira mais dormir, nem esquecer:
peço, então, uma escada pois já me cansei desse buraco.
Casei da dor, da tristeza e da ressaca.
Gostaria de retornar dessa viagem a minha casa, ao menos voltar a caminhar...

Uma coisa fica agora e aqui no peito que sofre:
Mesmo sendo um mal-mau poeta
Esse brincar com as palavras chamado escrita, ajuda
É melhor escrever
Escrever para suportar
Escrever atrás da leveza prometida!

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