1
Brancoazul profundo, suave
Luz virada pra dentro
Do céu entre
Nuvens azulcinza
Cinza de véu quase transparente
Com um novelo azul
Por dentro,
Pano de fundo
Pra ratos entrecomendo seus vômitos, no lugar
Do meu coração, um rato
Roendo meu peito, minha voz
Chiado de ratos. Ratos em toda parte
Alma de nosferatu, a peste
Transforma seus olhos em buracos negros
Onde a luz se devora.
Transfusão de brisa na veia
Luz lâmina fria
Nos olhos & chama
O anjo produtor de raticida.
2
Nuvens pesadas, anjos
Vomitando granizos, mal
Conseguimos caminhar sob a madrugada
O céu é mar de absinto
Céu da boca noturna de um dragão melancólico.
Quase se apaga
O fogo sutil das estrelas e há mofo
Na superfície da lua.
Um anjo estende o braço
E água gelada é injetada em sua veia.
Quando você é vulgar: apenas negocia convenções, não domina os segredos, qualquer um pode dizer que árvore é o nome de uma cidade, que cidade é o nome de uma arma, que arma é um sentimento, que sentimento é o nome de um faraó. A língua epistolar é a conversa vulgar no desentendimento, mesmo que este ocasione encontros repentinos e imprevistos. É quando uma criança autista diz pra você: se o mundo gira, porque você não fica tonto?
4/15/2011
4/10/2011
UMA PUTA PARA NÓS
UMA PUTA PARA NÓS
Uma puta
para Cesare Pavese
uma puta para Baudelaire
e uma puta para nós
Um feixe cru
a luz morna e morta
uma negra
para mim e para Rimbaud
Uma puta
para Hemingway
uma puta
para Aldemar e para Daniel
Uma puta
(para elas)
dizem, falam, escutam
toda mulher nasce bi
Uma esperança
uma sombra
cavada
um ralo cheio de fetos
Uma puta
para Lorca
outra para Neruda
uma puta para nós
Uma puta
linda, serena e doce
uma puta que tenha lido
Nietzsche e Freud
Uma puta
que nos escute
uma professora
que enreda e engana a noite
Uma puta para nós
mas que como
nos orienta Bukowski:
lembre-se que nenhum rabo do mundo
vale mais do que 50 pratas
(em 1977)
Foto: Prostitutas antigas 1912 por E.J. Bellocq.
4/06/2011
Telepatia inexiste
Telepatia, lá está
Na pequena jaula
De ferro, quando
O sangue é seu próprio
Veneno, telepatia
Não há.
Soro na veia
Canto de sereia:
Contagem regressiva
Sangue sujo de areia
Tirada de velhas ampulhetas.
Jaula alheia
Sufoca.
Unhas no pescoço
Até sangrar.
As palavras são leves
A grade é de ferro
O soro é intravenoso
O sangue virou lixo
Solidão não tem remédio
E telepatia não há.
Na pequena jaula
De ferro, quando
O sangue é seu próprio
Veneno, telepatia
Não há.
Soro na veia
Canto de sereia:
Contagem regressiva
Sangue sujo de areia
Tirada de velhas ampulhetas.
Jaula alheia
Sufoca.
Unhas no pescoço
Até sangrar.
As palavras são leves
A grade é de ferro
O soro é intravenoso
O sangue virou lixo
Solidão não tem remédio
E telepatia não há.
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