3/13/2012

daqui

a âncora é o corpo, o fundo
não se sabe Morto pela água
das décadas o Homem
-Aranha considera riscar
na areia fina com a ponta
em riste da última fratura
exposta o seu poema
mais abissal: vês? Ninguém

5 comentários:

Marcelo disse...

eu vi

Eliana Pougy disse...

Nossa, que diferente... interessante.

Aldemar Norek disse...

Diferente, Eli?
Tão igual ao que eu sempre escrevo....
Quase todas as notas marginais e os poemas posteriores falam da mesma coisa.
Bjo!
E obrigado pela leitura atenta deste poema!!!
;)

Aldemar Norek disse...

MORTE POR ÁGUA
(T. S. Eliot)

Flebas, o Fenício, morto há quinze dias,
Esqueceu o grito das gaivotas e o marulho das vagas
E os lucros e prejuízos.
Uma corrente submarina
Roeu-lhe os ossos em surdina. Enquanto subia e
[ descia
Ele evocava as cenas de sua maturidade e juventude
Até que ao torvelinho sucumbiu.
Gentio ou judeu
Ó tu que o leme giras e avistas onde o vento se
[ origina,
Considera a Flebas, que foi um dia alto e belo como
[ tu.

Aldemar Norek disse...

VERSOS ÍNTIMOS
Augusto dos Anjos

Vês! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão - esta pantera -
Foi tua companheira inseparável!

Acostuma-te à lama que te espera!
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.

Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.

Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!