“anjos” quando você diz
anjos pode ser qualquer coisa saindo
da sua boca: crianças comendo amendoim na porta da igreja; bonecos de plástico no céu
do shopping center; asas de páginas emboloradas de velhos dicionários; muros invisíveis em portas abertas; bolhas que brotam de pedras; todo tipo de chantagem, enfim
somos contingência e quando um lance repentino cruza o tempo, como um clarão, “anjos”
anjos não residem em bonecos de argila e nem seguram vela
pra poetas à procura de eloqüência e nem podem ser colecionados pregados com alfinete, de asas abertas em caixas de insetos; não peça nada
aos anjos, nem mesmo que enfeitem suas palavras, ou sequer
seu torpe
cotidiano.
“anjos” anjos podem ser qualquer coisa – sua natureza é o instante, um momento
íntegro
de lucidez.
Um comentário:
Daniel,
ainda lembro de sua raiva, lá pelos idos de 2005, uma raiva que era sintoma de lucidez, uma lucidez extrema, uma raiva traduzida em poesia, feita poesia.
só que naquele tempo a raiva ainda dividia espaço com a poesia. Agora ela se transmutou - vi nestes versos o carvão virando ouro no fundo do cadinho.
como no Livro de Orações, e em vários outros poemas seus. Sim, Daniel, sou o Seu Leitor. E fico muito feliz em não ser o único, porque esta seria uma solidão que me faria mal. Que beleza, bróder!
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