2/28/2015

A quanto tempo não escuto minha voz
            nem mesmo por dentro do caos cosmogônico do crânio
            extraditado da morte pela vida.

            Equilibro-me no parapeito do viaduto mais alto de Brasília
onde durmo, profundamente em vertigem
sonho que lidero uma rebelião de internos num manicômio judiciário. 


            *

            Que uma vida fique nas mãos de outra –
            como um favor que você nunca pediu:

            No cemitério abandonado
            um crânio de jacaré
            ossos estranhos daqueles cuja vida é desperdício
            (o coveiro dizia, esse da cara comprida era um idiota,
            aquele de formato meio bovino era um retardado
            e logo à frente, junto com ossos de cachorro,
            o louco da cidade)
            e uma ossada de boina e casaco verde
            em silêncio pela morte de Che Guevara.

            Que o tempo remoa a covardia de suas entrelinhas.









Nenhum comentário: