A orquídea finge ser
Jesus plastificado
Como um galã esquecido
Dos filmes de sábado à noite,
Com o charme dos fumadores de haxixe,
Num convite estendido
Na pintura desbotada, azul.
A orquídea se faz passar
Por um bêbado que se emociona
Em lágrimas de cerveja
E se esquece da severidade imposta
Pela vida de imigrante e office boy
Ex-morador do zoológico de Brasília.
Atônitas, crianças
Que medem a distância das estrelas
Correndo com lanternas
Lêem Mein Kampf nos bueiros,
Livro em que a palavra
Deus é repetida mais de vinte vezes
Pelo autor que só tinha um testículo
(As crianças precisam atestar
O mal frente à inocência
Despetalada a cada dia):
As orquídeas colonizaram o mundo
Por meio de disfarces:
A imitação imperfeita
Das flores
Desdobra primaveras.
3 comentários:
Daniel, que poema desconcertante. Dá uma sensação estranha.
Pois é Eliana, também achei estranho quando escrevi. A Giovana me disse que é muito melancólico mas tem uma ponta de esperança.
Beijo,
Pois é Eliana, também achei estranho quando escrevi. A Giovana me disse que é muito melancólico mas tem uma ponta de esperança.
Beijo,
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