9/09/2009

A orquídea finge ser
Jesus plastificado
Como um galã esquecido
Dos filmes de sábado à noite,
Com o charme dos fumadores de haxixe,
Num convite estendido
Na pintura desbotada, azul.

A orquídea se faz passar
Por um bêbado que se emociona
Em lágrimas de cerveja
E se esquece da severidade imposta
Pela vida de imigrante e office boy
Ex-morador do zoológico de Brasília.

Atônitas, crianças
Que medem a distância das estrelas
Correndo com lanternas
Lêem Mein Kampf nos bueiros,
Livro em que a palavra
Deus é repetida mais de vinte vezes
Pelo autor que só tinha um testículo
(As crianças precisam atestar
O mal frente à inocência
Despetalada a cada dia):

As orquídeas colonizaram o mundo
Por meio de disfarces:

A imitação imperfeita
Das flores
Desdobra primaveras.

3 comentários:

Eliana Pougy disse...

Daniel, que poema desconcertante. Dá uma sensação estranha.

Daniel F disse...

Pois é Eliana, também achei estranho quando escrevi. A Giovana me disse que é muito melancólico mas tem uma ponta de esperança.

Beijo,

Daniel F disse...

Pois é Eliana, também achei estranho quando escrevi. A Giovana me disse que é muito melancólico mas tem uma ponta de esperança.

Beijo,