3/07/2011

Uma pata da barata deixou um fiapo entre seus dentes, palite-os com uma das duras asas da besta voadora. O que você fez com seu sangue, amor? Segure o vômito na boca antes de descermos do carro. A tremenda babaquice disso tudo. Girar as pedras de coração com os dedos no copo de uísque é ainda mais legal do que beber. E olha que o psiquiatra mandou que eu tomasse aquele remedinho. O desejo é errante. Você entra por aqui, vai, por ali, não dá. Que pena, quando você me abandonar vou injetar asfalto derretido na veia, a revolta está nos genes. Como daquela vez, eu bebia água de coco no parque e acordei dormindo em pé com um zumbi enfiando as unhas nas minhas costas, dei meu sangue de bebida pras pombas nojentas que vêm me visitar sempre que o dia amanhece, elas deram aos piolhos que morrem sobre o asfalto quente: chamo isso de ciclo kármico do resta saber se outro inocente vai se foder com a gente. Eu era tão interessante quando era o centro das atenções, o desejo é satisfação de terceiros. Não tem mais nada, é isso. O Rumor é um deus de inúmeros olhos e línguas. Toda explicação é subterfúgio. Toda teoria é conversa fiada. Só não sei como vim parar no meio dessa baixaria.

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