3/04/2011

Vai que trabalhar é bom

Na catacumba do lustre brilhante, paredes lodosas, luz embaçada, friocalor de mormaço, as amebas flutuantes andam a repetir nos dentes vagarosos como quem mastiga um bom pedaço de cartão bancário de plástico e envia cartas para além-túmulo: eu, pelo menos, gosto de trabalhar, eu, pelo menos, gosto de trabalhar, eu, pelo menos, gosto de trabalhar, eu, pelo menos, gosto de trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar. Essas palavras grudadas nos corredores são como arame farpado na imaginação de um poeta com gripe suína, um mantra de tristes duendes endemoniados, um grito de orgasmo de uma sereia que expele metano pelas narinas.

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