Quando você é vulgar: apenas negocia convenções, não domina os segredos, qualquer um pode dizer que árvore é o nome de uma cidade, que cidade é o nome de uma arma, que arma é um sentimento, que sentimento é o nome de um faraó. A língua epistolar é a conversa vulgar no desentendimento, mesmo que este ocasione encontros repentinos e imprevistos. É quando uma criança autista diz pra você: se o mundo gira, porque você não fica tonto?
3/04/2011
Vai que trabalhar é bom
Na catacumba do lustre brilhante, paredes lodosas, luz embaçada, friocalor de mormaço, as amebas flutuantes andam a repetir nos dentes vagarosos como quem mastiga um bom pedaço de cartão bancário de plástico e envia cartas para além-túmulo: eu, pelo menos, gosto de trabalhar, eu, pelo menos, gosto de trabalhar, eu, pelo menos, gosto de trabalhar, eu, pelo menos, gosto de trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar. Essas palavras grudadas nos corredores são como arame farpado na imaginação de um poeta com gripe suína, um mantra de tristes duendes endemoniados, um grito de orgasmo de uma sereia que expele metano pelas narinas.
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