Não se deve vir à tona com as emoções erradas. Os atos são os itálicos das idéias, nesse mundo de leveza poluída. Não se perguntar pra onde vão as blasfêmias, já que o sol é surdo, é o mais autêntico sinal de estupidez. Falar sozinho em voz alta quando outros acreditam piamente em comunicação é sintoma de demência. Ou fingimento de demência, o que dá no mesmo, porque só um demente fingiria a própria demência. O tempo é pura
abstração, para a qual não fomos suficientemente domesticados. Como uma coisa pegaria na pele de uma abstração, não se deve perguntar. Questão de etiqueta. Que borrifem seus perfumes surplus sobre o tempo, essa coisa sem pele que mal chega a ser uma palavra: de nada vale indicar a insanidade disso tudo. Porque enfim, tanto quanto você, todos acreditam ou fingem que têm algo a dizer. E palavras, todos sabem, queimam como incenso, e daí
tentar segurar o que nada captura com luvas de vapor, domesticar o que nem mesmo pode ser descrito como fera. Enfim, evaporar-se – é o que temos feito de melhor.
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