Só conheço pessoas que se liquefazem, estão se arrastando em seus rastros oleosos de lesma, digerindo-se, descendo pelo ralo da história. Vão se consumindo e o tempo é um criador de distorções, em nossas mentes retorcidas e corações que apodrecem. Seu tempo passou e elas caíram de maduras. E quem começou a linhagem de raiva e frustração? Que aprendizado a vida trouxe? O que é a voz da sabedoria? Nada, a não ser a mesma dor que atrai mais dor semelhante para o núcleo do mundo. O cansaço fermenta na terra quente, e ela tem fome de sofrimento. O destino é um ímã curioso, os corpos se dissolvendo em lodo e cobrindo-se com palha de metal moída pelo deus invisível – gosmentos porcos espinhos, signos da história. E todos dizem se ao menos eu tivesse uma palavra amiga. Mas ninguém pronuncia uma palavra amiga. E todos pensam se alguém me salvasse. Mas não há salvação quando todos se afogam, e o que é a vida se não esse caldo intragável de restos de corpos em decomposição em que as gerações se afogam. E todos dizem se eu te der minha mão serei apenas um peso a mais te puxando pro fundo, pro ventre da derrota.
Uma bala interromperia o processo? Você tem meu número. Me telefone antes de apertar o gatilho.
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